Sair do zero e dar os primeiros passos nos estudos de desenvolvimento de software não é fácil. Isso sem contar o super desafio que é avançar nos estudos.
E mesmo criando planos mirabolantes, metas alcançáveis e tendo muita vontade de virar o jogo na minha migração de carreira pra tecnologia, eu escorregava. Tinha dias que o desânimo me vencia. E eu ficava frustrada e ansiosa por estar falhando comigo mesma. E às vezes era super difícil sair desse lugar de desânimo.
Eu passei 2 longos anos estudando e só nos últimos 3 meses antes de encontrar meu primeiro emprego como dev foi que entendi minha forma de funcionar para reter o aprendizado e o mais importante para ter uma constância nos estudos.
E olha que maravilha: eu vou contar tudinho aqui nesse texto. Mas já adianto que talvez você se decepcione comigo, pois eu não vou te contar nenhuma fórmula mágica, hack ou atalho. Isso realmente não existe. Existe o que funciona pra você.
Então eu vou apenas contar o que funciona pra mim, e vai que te ajuda ou te inspira! Vamos nessa?
Um pouco de contexto e reflexão
Eu sou o tipo de pessoa que fica procurando mensagens profundas em tudo. Eu tava assistindo Shang-Chi e a Lenda dos Dez Aneis, inclusive um dos melhores filmes da Marvel na minha humilde opinião. 😳😍
Não vou dar spoiler pra quem não viu ainda, mas tem essa cena que me fez refletir, é uma jovem conversando com uma anciã.
A jovem disse assim: ” Adoro isso de vocês saberem exatamente o que querem e passarem a vida toda se aperfeiçoando nisso. Eu queria ser mais assim. Toda vez que fico razoavelmente boa em algo eu desisto e começo algo novo.”
E a anciã respondeu: “Se não mirar em nada, não acertará em nada.”
É óbvio que essa cena me fez refletir sobre alguns pontos que eu achei importante falar aqui: a diferença entre ser multipotencial e multitarefa. E também a relação entre metas e disciplina. Como entender esses conceitos pode me ajudar na prática. E por fim, como não ceder às distrações.
Multipontencial x Multitarefa
Estes dois termos possuem significados completamente diferentes.
Enquanto multipotencialidade é a habilidade de mergulhar em diferentes paixões e focar nesses interesses até se tornar uma pessoa realmente boa neles.
Ser multitarefa é se iludir confundindo ser produtiva com o fato de se manter ocupada fazendo muitas coisas quase sempre inacabadas ou sem qualidade/profundidade.
Eu ouvi o termo “multipotencialidade” pela primeira vez, no TED de Emily Wapnick e eu fiquei encantada demais, eu me identifiquei completamente. Finalmente, eu estava liberada para ter interesses e paixões desconexas e ser boa neles.
Metas x disciplina
Mas pra realmente me tornar boa em algo, como aprender a programar, era preciso estar mais concentrada e fazendo progresso nos esforços profundos que realmente importavam.
E uma excelente ferramenta para fazer isso era ter metas SMART, ou seja que me diziam com muita precisão as respostas dessas perguntas aqui embaixo:
- O que você quer?
- Como você vai realizar e medir avanço?
- Tem sinergia com o que você deseja a curto e longo prazo?
- Em quanto tempo irá realizar?
Ter essas informações mapeadas me ajudam muito a permanecer no eixo.
E por falar nisso, eu migrei de carreira no contexto de pandemia, onde nem sempre a gente acordava com toda motivação para ter um dia produtivo. Ter uma rotina me ajudava muito a manter o foco nos dias difíceis.
É como acordar cedo ou construir hábitos mais saudáveis. No início, a gente força e vai sem vontade mesmo, só pra criar o hábito. Depois, nosso corpo e nossa mente já reagem no automático.
Motivação é besteira. A maioria dos dias a gente não se sente 100% e é importante seguir com consistência pra alcançar nossos objetivos mesmo nos dias ruins.
Tá, mas como saber disso me ajudou?
Vou dar um salto no tempo e contar como tem sido minha rotina agora, enquanto tenho que equilibrar criação de conteúdo, dia a dia no trabalho CLT e meus deveres na vida pessoal.
- Eu bloqueio duas horas do meu dia pra estudar (seg/qua/sex – programação, ter/qui – inglês)
- Antes do trabalho separo 1 hora pra treinar
- A noite, eu me desconecto pra recarregar: lendo, jogando ou assistindo
- Meu mês de conteúdo é planejado sempre no mês anterior e eu uso o trello pra me ajudar em cada etapa de criação
- Criei uma estratégia e uma rotina de criação pra cada canal/rede onde tenho presença
- Ainda não cheguei no meu modelo ideal pra criar podcast e blog. Mas já me viro muito bem com youtube e instagram (que separo apenas um dia pra criar pra cada canal).
- LinkedIn é o melhor dos mundos pra mim, pois decidi criar conteúdos que são cortes do podcast, do blog e do youtube.
- Tenho me alimentado melhor, separo 2 horas no domingo pra cozinhar todas as refeições da semana.
- Tenho tido mais atenção pra qualidade e quantidade do meu sono, além também de consumir a quantidade ideal diária de água.
A carinha de meu trello:
A única diferença nessa rotina pra a da época que eu estava focada em aplicar pra vagas era que eu dedicava entre 4 e 6 horas por dia pra estudar. Agora não tenho todo esse tempo.
Muita gente não tem, então o que importa é a constância de quantos dias seguidos eu faço isso com muita qualidade nas poucas horas que eu tenho e não uma quantidade de horas imensa por dia sem foco e qualidade nas tarefas.
Mas pra entender qual o formato de rotina mais efetivo pra cada momento, eu tento responder estas perguntas:
- Faz sentido pra mim?
- Está alinhada com as outras áreas da minha vida: sono, alimentação, exercício físico, diversão, saúde mental?
- Eu tenho um roadmap, uma trilha pra o que eu quero estudar?
- Eu tenho metas?
- Eu tenho um planejamento?
- Eu tenho como medir meu avanço diário?
Depois eu testo por dias, semanas, meses seguidos, vou adaptando e tento fazer funcionar muito bem. E eu estou sempre aberta pra fazer ajustes ou mudar quando passar a não fazer mais sentido.
Como não ceder às distrações
Segundo Cal Newport, professor de ciência da computação e autor best-seller do New York Times, com os livros Digital Minimalism e Deep Work:
- A maioria das pessoas passa o dia reagindo às mensagens
- Criando distração constante, tornando impossível pensar com objetividade.
- Gerando sentimentos persistentes de ansiedade e sobrecarga.
- Impedindo o progresso nos esforços profundos que realmente importam.
- Fazendo parecer que seu trabalho nunca termina, frustrando as tentativas de relaxar ou recarregar.
Então eu tenho muita atenção quando uso alguma algum template ou ferramenta, se eu to fugindo desses tópicos.
- Eu gosto de usar o método de bloquear tempo pra focar nas minhas atividades. Já testei o pomodoro mas não rola pra mim, porque eu costumo demorar pra me concentrar, mas eu adaptei e depois de 1h ou 2h focada eu levanto, tiro uma pausa, brinco com Bob, meu cachorro, ouço uma música, faço algo pra desconectar e depois eu volto com foco total pra uma próximo bloco.
- No notion e no miro você pode usar alguns modelos prontos e preencher com seus dados. Comprei até o planner do Call Newport mas também não rolou pra mim, eu não tinha a disciplina de preencher e me dá TOC coisas não preenchidas, rs. Mas meu bloco de notas no celular, o trello e a agenda do Google são os meus aliados pra controlar minha rotina diária de foco. A real é que não importa muito qual a ferramenta que você ta usando, até papel e caneta funcionam desde que você cumpra o que se propôs e adapte o que precisa. Teste pra entender melhor o que você prefere.
- Eu gosto muito também de seguir trilhas de estudos já estruturadas em cursos ou em playlists no youtube, pois fica mais fácil mensurar as metas SMART e ir medindo o avanço.
E isso tudo foi tão decisivo pra mim, pois são esses pequenos avanços todos os dias que me trouxeram pra mais perto de alcançar minhas metas e me fizeram continuar seguindo com muita disciplina.
Eu amo marcar coisas como concluídas. Seja riscar um item numa lista ou finalizar um módulo de aulas. Não sou nenhuma especialista, mas é certeza que isso me libera algum hormônio que me ajuda biologicamente a seguir. E principalmente, nos dias que não me sinto feliz e motivada, consigo seguir com constância.
Não é que eu seja uma perfeição ao realizar TUDO. Eu sempre escorrego, mas tô sempre identificando onde estou errando, pra reparar e readaptar. A chave é se conhecer, se ouvir e se priorizar.
Conclusão
É isso, pessu! Agora é super importante dizer que esse fluxo de pensamento que a gente construiu nesse texto não vai nos livrar de escorregar em uma tarefa ou outra, ou até mesmo em agendas inteiras.
Mas a gente vai entender que falhar em alguns momentos, não é tão grave se temos a chance de atualizar, adaptar e continuar seguindo até concluir nossas metas de estudos de programação. Vamos nessa? Vamos juntas!